"Penso onde não sou, logo sou onde não penso."

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

“Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essa unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem.
Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que não te doa demais, meu amor, já que tenho tanto que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mão que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto , tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir”
Clarice Lispector.